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Adhemar Ferreira da Silva comemora o primeiro ouro olímpico, em Helsinque-1952, com direito a um recorde mundial (COI Museu Olímpico de Lausane/Sonho e Conquista/COB)

Não é exagero dizer que a história do esporte olímpico do Brasil divide-se entre antes e depois de Adhemar Ferreira da Silva. Embora o primeiro ouro em Olimpíadas veio através de Guilherme Paraense, do tiro esportivo, em Antuérpia-1920, foi com Adhemar que o Brasil mudou de patamar. Durante boa parte dos anos 1950, ele dominou o salto triplo, que incluíram duas medalhas de ouro olímpicas e três pan-americanas. Foi em uma delas que o atleta paulista obteve pela quinta e última vez um recorde mundial na prova que o consagrou no esporte mundial. 

Adhemar Ferreira começou tarde no atletismo, com quase 20 anos. Mas o paulista nascido no bairro da Casa Verde tinha um talento inato. Em 1946, um amigo levou-o para treinar no São Paulo Futebol Clube, então sediado no Canindé. Lá conheceu o treinador que transformou sua vida: Dietrich Gerner, o Alemão. 

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Após experimentar diversas provas, em 1947 conheceu uma prova que nunca havia visto, o salto triplo. Logo em seus primeiros saltos, alcançou 12,8 metros. Na época, registros indicavam que os iniciantes dificilmente alcançavam os 11 metros. Foi aí que Alemão percebeu que tinha um diamante bruto nas mãos. De acordo com a spfcpedia.com, do historiador do São Paulo Michael Serra, Adhemar evoluiu rapidamente, conquistando o título paulista naquele ano, saltando 13,89 metros.  

Estreia olímpica 

Após acumular os títulos brasileiro e sul-americano, Adhemar Ferreira partiu em busca de um desafio ainda maior: disputar uma Olimpíada. Os Jogos seriam retomados em 1948, na cidade do Londres, a primeira edição pós-Segunda Guerra Mundial. Na seletiva realizada no Rio de Janeiro, voltou a impressionar e se classificou com 15,03 m. Na capital inglesa, o brasileiro até foi bem na qualificação, ao terminar em quarto lugar (14,69 m), mas na final não foi bem e terminou em 8º lugar, com 14,49 m. 

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O resultado não desanimou Adhemar, que ao lado de Alemão seguiu evoluindo na prova. Seu primeiro grande resultado veio em 1950, quando igualou o recorde do japonês Naoto Tajima, com 16,00 m. Em setembro de 1951, durante o Troféu Brasil, no Rio de Janeiro, o brasileiro tornou-se recordista isolado, com 16,01 m. 

Ouro olímpico e novos recordes mundiais 

Foi em Helsinque-1952 que Adhemar Ferreira da Silva escreveu definitivamente seu nome na história do esporte do Brasil e das Olimpíadas. Como relato o spfcpedia.com, o saltador brasileiro, extremamente estudioso, começou a aprender algumas palavras em finlandês.  

“(…) Na chegada à capital finlandesa, Adhemar tratou de testar seus conhecimentos da língua local. E saiu-se bem com as expressões que aprendeu. No dia seguinte, os jornais diziam: ‘Da Silva do Brasil chega falando ‘terve, terve’ e cantando ‘Niin mina neitonen sinulle laulan’. Simpático e cativante, saía às ruas e as pessoas lhe desejavam sucesso na competição.” – trecho do especial 70 anos do recorde mundial, da spfcpedia.com 

Na prova, o brasileiro estava sobrando. Na final, superou o recorde mundial três vezes (16,09 m, 16,12 m e 16,22 m). Com a última, assegurou a vitória e levou a primeira medalha de ouro olímpica do atletismo do Brasil. Saudado por uma torcida de quase 70 mil pessoas, Adhemar usou no pódio um agasalho com o emblema do São Paulo. Pelo feito em Helsinque, o clube decidiu homenageá-lo com uma estrela dourada na bandeira do clube. 

O último recorde 

Adhemar Ferreira da Silva Hall da Fama do COB
Adhemar Ferreira da Silva foi o primeiro bicampeão olímpico do esporte brasileiro. Ainda bateu o recorde mundial por cinco vezes (Reprodução)

Adhemar Ferreira, que já havia sido campeão dos Jogos Pan-Americanos de Buenos Aires em 1951 no triplo, chegou na condição de favorito absoluto para a segunda edição da competição, na Cidade do México-1955. Para chegar lá, contudo, ele e os demais atletas sofreram com os poucos recursos do COB (Comitê Olímpico do Brasil). Para chegar ao México, a delegação precisou usar aviões da FAB, que com pouca autonomia de combustível, levou cinco dias de viagem.  

Mesmo com as dificuldades logísticas, o brasileiro sobrou na prova realizada em 16 de março e levou o bicampeonato. A marca foi espetacular: 16,56 m, melhorando muito o recorde anterior (16,23 m), do soviético Leonid Shcherbakov. Foi a última vez que Adhemar bateu o recorde mundial do salto triplo. O feito novamente foi homenageado pelo São Paulo com uma nova estrela dourada no escudo e bandeira do clube. 

Adhemar Ferreira da Silva ainda conquistaria um novo resultado histórico em Melbourne-1956, quando se tornou o primeiro bicampeão olímpico do Brasil, já como atleta do Vasco da Gama. No Pan de Chicago-1959, mesmo lesionado, faturou o tricampeonato do triplo. Ele se aposentou das pistas após as Olimpíadas de Roma-1960, quando não avançou para a final e terminou em 14º lugar. 

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Bicampeão olímpico do salto triplo, Adhemar Ferreira da Silva disputou os Jogos de Roma-1960, com tuberculose. Não conseguiu se classificar para a final

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