Capa do jornal Daily News, repercutindo a entrevista do então presidente americano Jimmy Carter, falando do possível boicote à Olimpíada de Moscou-1980 (Crédito: Reprodução)

O dia 20 de janeiro é uma data histórica nas Olimpíadas. Em 20/01/1980, era lançada a semente do boicote americano à Olimpíada de Moscou-1980. Um evento que nasceu por uma crise política mas que ajudou a mudar a história das Olimpíadas.

Naquele começo de 1980, o mundo vivia um momento político de alta tensão. Por um lado, uma revolução islâmica tomou o poder no Irã. Isso incluiu a invasão da embaixada dos Estados Unidos em Teerã, ocorrida em novembro de 1979. Depois, em dezembro daquele ano, as tropas da então União Soviética invadiram o Afeganistão. Foi o ponto inicial do que seria conhecida como Guerra do Afeganistão, que durou até 1989.

O presidente americano Jimmy Carter estava pressionado pela opinião pública. Ele tinha pela frente uma batalha própria: buscar sua reeleição. Carter tentava encontrar uma saída para esta crise sem precedentes. Então, alguém sugeriu promover um boicote aos Jogos Olímpicos. Em 1980, ano, eles seriam organizados pelos rivais soviéticos.

Entrevista histórica

Em 20 de janeiro de 1980, Carter concedeu uma entrevista à rede NBC. Essa entrevista entraria para a história. Carter mencionou pela primeira vez a ideia de não apoiar o envio de uma equipe americana. Os americanos não competiriam em solo soviético.

“Nem eu ou o povo americano apoiaremos o envio de uma equipe americana com tropas soviéticas no Afeganistão. Hoje, enviei uma mensagem ao comitê olímpico dos Estados Unidos. Expliquei minha posição. Se os soviéticos não retirarem suas tropas dentro de um mês do Afeganistão, ou os Jogos sejam transferidos para outro local. Caso contrário, não apoiarei o envio de uma equipe americana para a Olimpíada”, declarou o presidente americano.

Carter disse que não era a favor de colocar a política no meio dos Jogos. No entanto, ele lembrou que 104 países votaram contra a invasão soviética na ONU (Organização das Nações Unidas). Com isso, entendia que poderia ter o apoio destes países pressionando a União Soviética, ao ameaçarem não disputar também.

Boicote confirmado

Em abril, três meses após a entrevista, o USOC (comitê olímpico americano) confirmou sua decisão. Eles não enviariam uma delegação para a Olimpíada de Moscou. Outros 61 países se juntariam aos americanos e também não disputaram os Jogos.

O gesto não foi esquecido pelos soviéticos, que comandaram um outro grande boicote, para os Jogos de Los Angeles-1984. Um total de 16 nações (14 do bloco socialista, mais Irã e Líbia) também não compareceram.

Foi o período em que os Jogos Olímpicos mais estiveram ameaçados de sua sobrevivência, graças à interferência política.

Para efeito da história, o boicote americano em Moscou-1980 não foi inédito até então nas Olimpíadas. O primeiro em grande escala ocorreu em Montreal-1976. Vinte e seis países africanos não participaram. Isso foi em represália a uma excursão do time de rúgbi da Nova Zelândia. A Nova Zelândia visitou a África do Sul, que vivia então o regime do apartheid. China e Taiwan, por divergência sobre a nomenclatura do segundo país, também não compareceram.

Em Seul-1988, a Coreia do Norte estava, e ainda permanece, tecnicamente em guerra com a Coreia do Sul. O pleito da Coreia do Norte para receber algumas das competições dos Jogos não foi atendido. O país comunista decidiu boicotar o evento, seguida por Cuba, Albânia, Etiópia, Madagascar, Nicarágua e Seychelles.

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