O neozelandês Peter Snell completa em primeira a prova dos 1.500 m em Tóquio-1964. Antes, já tinha vencido os 800 m também (Crédito: Reprodução)
Houve um tempo em que as corridas de 800 metros no atletismo em Olimpíadas não estavam dominadas pelos corredores quenianos. De Pequim-2008 para cá, só corredores do Quênia levaram o ouro nesta distância. Com direito a um bicampeonato de David Rudisha em Londres-2012 e Rio-2016.
Mas nem sempre foi assim. Entre outros nomes que brilharam na prova, estão o cubano Alberto Juantorena (Montreal-1976) e o britânico Steve Ovett (Moscou-1980). Houve também o ouro inesquecível de Joaquim Cruz em Los Angeles-1984. Além de Peter Snell. O neozelandês é um dos raros bicampeões olímpicos da prova. Considerado um dos maiores atletas de seu país, ele morreu em 12 dezembro de 2019. Isso aconteceu cinco dias antes de completar 81 anos.
Fora de seu país e do circulo de fanáticos do atletismo, poucos conhecem os feitos de Snell. Mas ele escreveu uma belíssima página na história olímpica da modalidade. Ele venceu duas vezes consecutivas os 800 m, em Roma-1960, com apenas 21 anos. Repetiu o feito em Tóquio-1964. Além disso, ganhou os 1.500 m também nos Jogos realizados no Japão.
Além dele, somente uma atleta chegou perto de seu feito no atletismo. Valerie Adams-Vili conquistou dois ouros e uma prata no arremesso do peso. Ela iguala-se a Peter Snell no total de pódios, mas com uma medalha dourada a menos.
Para se ter uma ideia do feito obtido pelo neozelandês, apenas um atleta obteve dois ouros consecutivos antes dele. O americano Mal Whitfield venceu em Londres-1948 e Helsinque-1952. Depois de Snell, somente o queniano Rudisha conseguiu festejar dois títulos olímpicos seguidos.
Veja como foi a incrível vitória de Peter Snell nos 800 m em Roma-1960:
Por quatro anos, Snell dominou as provas de meia fundo, mas teve uma carreira surpreendentemente curta. Disse que já não tinha motivação para treinar com a mesma intensidade. Assim, desistiu de encarar outro ciclo olímpico até as Olimpíadas da Cidade do México-1968
Aposentado das pistas, ele optou pela carreira acadêmica, mudando-se para os Estados Unidos, onde tornou-se PhD em Medicina Esportiva. Ele ocupou o cargo de consultor científico do comitê olímpico dos Estados Unidos. Snell foi considerado como uma das grandes autoridades na área de ciência do esporte. Em 2000, foi eleito o Atleta do Século na Nova Zelândia.
Ele vivia há anos em Dallas (EUA). Segundo sua mulher, na noite em que morreu, Peter Snell pretendia fazer um churrasco. Ele também planejava jogar uma partida de tênis de mesa com ela. Foi tirar um cochilo antes de ir ao mercado e quando sua mulher foi chamá-lo, viu que ele não respondia. Quando os paramédicos chegaram, já estava morto.

